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KUDOCLASM

Para meu amigo klecius.

O desejo de desaparecer.

A tensão provocada por uma tempestade iminente.

Uma troca de olhares tão faíscante que pode ofuscar.

A percepção repentina de que todas as pessoas vivem de forma tão vívida e complexa como você.

O momento exato em que percebemos que a vida segue uma sequencia previsível e banal. O medo de que não seja exatamente dessa maneira.

A suspeita de que somos completamente únicos. Ou absolutamente não.

Jonh Koenig se propõem a identificar lacunas na linguagem e criar novas palavras para definir novas tristezas, melancolias e arrependimentos.

Koinophobia – O medo de viver uma vida ordinária (the fear you’ve lived an ordinary life)

YuYi – O desejo de voltar a sentir intensamente. (The desire to feel intensely again)

Socha – A vulnerabilidade oculta dos demais

(The hidden vulnerability of others)

Opia – A ambigua intensidade de uma troca de olhares (The ambiguous intensity of Eye Contact)

Oleka: A consciencia de que apenas poucos dias são memoráveis (The awareness of how few days are memorable)

Anemoia – A nostalgia por um tempo desconhecido. (Nostalgia for a time you’ve never known)

Vemödalen: O medo de que tudo já tenha sido feito. (The fear that everything has already been done)

O Dicionário das tristezas obscuras (The dictionary of obscure sorrows) é uma bela e inquietante web-série que reinventa a linguagem e cria palavras que expressam sensações até então sem nome próprio.

Seríam as palavras já existentes insuficientes?

Estaría Koenig expandindo ou ironicamente reduzindo a linguagem criando novos substantivos e menosprezando a possibilidade de combinar velhas palavras em um desenvolvimento gramatical específico?

Estamos apressados não há dúvida e cada vez mais impacientes é verdade. Twits, short cuts, emojis, playlists, listas…imagens, videos, videos perecíveis.

Mas é fato também que existe hoje uma demanda muito maior por palavras, afinal, um centupilhão de pessoas se expressam de forma ininterrupta. Poderíamos perfeitamente estar vivendo uma escassez de palavras por excesso de uso, ou ainda mais provável, por uso indevido.

Outra hipótese é a de que nossas percepções e vivências estão tão potencializadas, tão híper estimuladas, que já é impossível descrever novas tristezas e perdas usando o repertório conhecido de velhas palavras.

Vivemos o que Manuel Castells chama de “Tempo atemporal”. empoderados pela tecnologia digital e a comunicação em tempo real, estamos reinventando nossos padrões de tempo e espaço. Mas se por um lado expandimos o tempo, por outro criamos um fluxo constante que não conhece limites ou fronteiras e gera uma grande expectativa. Grande?

O que estou dizendo?

É gigantesca. Talvez aqui eu devesse até criar uma nova palavra.

Sigmund Baumman, outro gênio, descreve a “modernidade liquida”, um tempo em que tudo o que era sólido se liquidificou e no qual nossos acordos são temporários, passageiros, válidos apenas até novo aviso.

Ou seja, instituições, governos, carreiras, amizades, relacionamentos, acordos sejam lá de que natureza for, se liquidificam e desaparecem produzindo em nós criaturas treinadas para realizar e para o concreto, justamente a quebra de expectativa e a sensação de perda, abandon,

a sensacão de “sorrow”.

SORROW – sentimento ou tristeza causado pela perda, desapontamento ou outro infortúnio.

Ou se preferirem…

KUDOCLASM – quando os mais altos sonhos aterrizam.

https://www.youtube.com/user/obscuresorrows

Brilhante.


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